VIA VAREJO
Resultado 3T15: Ladeira Abaixo
Na nossa visão, o resultado do 3T15 da Via Varejo mostrou uma continuidade da deterioração dos números da companhia em geral. A retração nas vendas já era sabida, mas a rentabilidade caiu acima do esperado mais uma vez.
A companhia apresentou novamente uma performance abaixo da média de mercado.
Segundo o IBGE, o comércio de bens duráveis declinou 10,2% no acumulado de 2015, enquanto as vendas da Via Varejo caíram 15,6% no mesmo período, indicando que a companhia tem perdido participação no mercado.
Depois de um primeiro semestre difícil, impactado pela forte base comparativa do ano anterior, acreditávamos que a empresa apresentaria alguma recuperação nas vendas do 3T15 ou, ao menos, uma performance em linha com a média de mercado, o que não ocorreu.
Neste sentido, decidimos revisar nossas projeções para a companhia mais uma vez. Nossa recomendação para VVAR11 permanece como Outperform, já que o valor da ação depreciou de maneira substancial nos últimos meses.
No entanto, nosso preço alvo para 2016 foi reduzido de BRL 20,60 para R$ 7,00. Apesar de bons fundamentos intrínsecos, não vemos muito espaço para a valorização das ações da Via Varejo no curto prazo frente o cenário complicado da economia doméstica.
Top line
A receita líquida desacelerou 22,7% A/A, impactada principalmente pela deterioração do cenário macroeconômico, que prejudicou a confiança do consumidor, o crédito e os salários.
A baixa competitividade dos preços praticados pela Via Varejo também agravou seu desempenho de vendas. Nos 9M15, a receita líquida diminuiu 15,1% A/A, em um ritmo mais acelerado que a média de mercado que, segundo o IBGE, desacelerou 10,2% no mesmo período, indicando uma contração da participação da companhia no segmento de bens duráveis no Brasil.
Operating Margins.
A rentabilidade bruta permaneceu estável em 32,8%, apesar da deterioração nas vendas. A margem bruta da venda de mercadorias recuou 1,5 p.p., o que foi compensado por:
(i) maior penetração de serviços junto às vendas de mercadorias;
(ii) aumento na arrecadação de taxas decorrentes de entregas e montagem de móveis;
(iii) sinergias logísticas com as demais companhias do grupo em compras conjuntas junto a fornecedores.
A margem EBITDA, por sua vez, contraiu 6,1 p.p., apesar dos fortes esforços focados em racionalização de custos.
As despesas operacionais reduziram em 1,5 % no trimestre, apesar da pressão inflacionária, mas não foi suficiente para compensar a redução da base de diluição dos custos, devido à desaceleração das vendas.
Durante o 3T15, o management intensificou a revisão da estrutura de despesas da companhia, movimento iniciado no 2T15. Cerca de 6.000 postos de trabalho foram cortados, totalizando 11.000 no ano; 31 lojas deficitárias foram fechadas e 40% dos contratos de aluguéis foram renegociados.
Destacamos que a margem EBITDA ajustada contempla despesas relacionadas ao estágio de ramp up da Cnova (R$ 30 mi), mas não inclui despesas não recorrentes referentes ao plano de reestruturação da companhia, que totalizaram R$ 119 mi no trimestre. Considerando este efeito, a margem EBITDA contraiu 8,7 p.p.
Financial performance, Indebtedness and Net Income.
O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 69 milhões no 3T15, representando uma melhoria de R$ 69 mi em relação ao 3T14. O management da companhia decidiu postergar operações de desconto de recebíveis de cartão de crédito, devido à elevação do CDI, e utilizar recursos em caixa para honrar despesas usuais.
A margem líquida ajustada, assim, deteriorou em um ritmo mais lento que a margem EBITDA ajustada, cerca de 3,5 p.p. Em relação ao endividamento, a dívida bruta da Via Varejo, incluindo a operação de CDCI, totalizou R$ 3,0 bi (-19.3% A/A) e a relação Dívida Líquida/EBITDA ficou em 1,02x, versus 0.09x no mesmo período do ano anterior, impactada principalmente pela menor posição de caixa.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da VIA VAREJO no 3º trimestre/2015, elaborado por MARIA PAULA CANTUSIO, CNPI Senior Analyst, analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS